(...) Não estou convencida. Por isso, vou ter com o meu pai e pergunto:
- Onde foste buscar a semente que eu era? Apanhaste-a do chão ou foi alguém que ta deu de presente?
- Nem uma nem outra. A semente estava guardada no meu coração.
- No teu coração? E como foi que a puseste na barriga da mãe?
O meu pai senta-me ao colo e conta-me tudo.
- Então foi assim: uma noite, ficámos os dois juntinhos.
- Tu e a mãe?
- Sim, eu e a mãe. Ficámos os dois abraçados por baixo das estrelas e desejámos-te muito.
- Quer dizer que a semente veio de um desejo?
- Isso mesmo! Vês como aprendes depressa? Sim a semente veio de um desejo de amor que eu e a mãe sonhámos para ti. (...)
"Quem era eu antes de mim?", Inês de Barros Baptista
Também nós lá em casa utilizámos a historinha da semente vinda do coração, só não nos lembrámos de nos abraçar por baixo das estrelas!
Apesar da metáfora, isto é tão verdadeiro que podia ser real!
Esqueçamos as questões biológicas!
Não é através do desejo que nos transformamos em Pais e Mães,
não é no coração que os nossos filhos nascem e crescem?
5 comentários:
os filhos desejados são assim...nascem no coração e no coração permanecem...mas há tantos por aí que surgem de descuidos, violências e desamores e que sofrem a vida inteira por isso...sem terem escolhido...
Nascem no coração quase sempre...e muito especialmente os descuidos que, quer queiremos quer não somos quase todos. Ah! não era bem agora...não sei se estamos preparados, se calhar não há dinheiro, estávamos a fazer as contas mais daqui a um ano...Somos todos filhos do descuido. esse descuido não sai nada mal. Os que não têm uma vida de sorrisos por vezes tem mais a ver com a burrice crónica e falta de informação das pessoas do que do descuido. penso eu cá c'as orelhas...agora ia bem um descuidozinho...mas...a idade pesa, e pesa nas gajas mais cruelmente. eles descuidam-se até morrer. se calhar até a morte é um descuido. tomara que sim, né?
descuidei-me com o queiremos...queiramos acreditar nisto!
eu penso muitas vezes que a 'força biológica' de preservação da espécie e de transmissão do material genético à geração seguinte é mais forte do que todos os racionalismos com que normalmente encaramos estas questões. nascem num coração, sim, mas num coração universal onde estão as forças da natureza.
pois!
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