sábado, 22 de janeiro de 2011

a crónica da semana





esta semana a crónica é dedicada à própria semana, esse intervalo temporal de sete dias que regula a vida humana. nem sempre foram sete. rezam os canhenhos que os egípcios dividiam o tempo em períodos de dez dias. depois vieram os judeus e os seus mitos e a coisa pegou, actualmente todo o mundo se rege por semanas de sete dias, sendo inclusivamente o único período de tempo comum a toda a humanidade. os anos e os meses variam conforme as culturas. decidiu ainda o homem dedicar cada um dos dias àquilo que mais o fascinava na antiguidade: os deuses e os planetas, que muitas vezes partilhavam os nomes. esta semana esteve lua cheia, lá para o meio da semana. sempre fascinou, a lua. talvez lhe devamos o formato da semana, há uma proximidade demasiado grande entre as suas fases e o período de 7 dias que nos rege a vida para ser uma simples coincidência. também há muitos dias dedicados à lua: o monday dos saxões, o lundi dos francos ou o lunes dos hispânicos. existem também dias dedicados a marte, a thor, ao sol, a mercúrio, a júpiter, a freya, a saturno, a Deus e a outros planetas e divindades, conforme as culturas e as tradições. só os portugueses é que têm as assépticas segunda terça quarta etc. reza a história que em tempos antigos também tivemos os nossos luna (segunda), mártia (terça), mercúria (quarta), jove (quinta) e venúsia (sexta), mas algures no tempo um papa lembrou-se que os dias não poderiam ser designados por nomes pagãos. decidiu, com uma enorme falta de imaginação, que para além do sábbatum (dia do descanso na tradição judaica) os dias deveriam ser chamados de prima-feria, secunda-feria, tertia-feria, quarta-feria, quinta-feria e sexta-feria, nomes que eram dados aos dias da semana antes da páscoa, em que não se trabalhava. mais tarde a prima-feria passou a dominica dies (dia de deus). quis a santa sé impor esta nomenclatura a todo o seu império, mas apenas por terras lusas a coisa pegou, já nessa altura achávamos que aquilo que vem de fora é melhor do que aquilo que é nosso. em outros povos latinos apenas o sábado e o domingo se impuseram, na tradição anglo-saxónica o domingo continuou a ser do sol e o sábado de saturno. eu acho que tinha muito mais piada combinarem-se coisas para venúsia à noite do que para sexta à noite, e tenho a certeza que me levantaria muito mais bem disposto e pronto para enfrentar a semana de trabalho num luna de manhã do que numa segunda de manhã. e por falar em segunda de manhã, lembro-me logo do fim-de-semana e de que quando éramos miúdos apenas o domingo era dia de descanso. trabalhava-se ao sábado de manhã e o comércio estava aberto no sábado à tarde. depois veio a 'semana inglesa' e algumas lojas passaram a encerrar ao sábado à tarde. depois veio o capitalismo selvagem e o apelo ao consumismo acéfalo e os hipermercados passaram a estar abertos ao domingo, que deixou de estar dedicado a Deus, esse deus pagão, pois o único deus actual e verdadeiro é o dinheiro.




tenham uma boa semana!

4 comentários:

Carlos Canas Martins disse...

Hum, ya, acho que sim, era capaz de ser uma aproximação mais pacífica a que faço contrariado aos meus 2 despertadores, se, já amanhã, quando começarem a gritar às 7h da manhã, fosse uma promissora manhã de luna, em vez de uma dolorosa madrugada de segunda-feira mas, pronto, é o que temos... Boa semana para ti também. Boa semana para todos :)

São Grade disse...

Realmente a criatividade estava escondida qd atribuiram os nomes aos dias da semana:1º,2º,3º...que coisa tão pouco estética!
De qualquer forma por mim todos os dias deveriam ser dedicados ao Rei Sol,quem eu adoro e venero!
A lua, não! Essa gaja tem a ver com a noite e como já sabem, não gosto da noite, do escuro, do negro...
Aliás ainda hoje de manhã falávamos acerca da notícia da manhã, em que mais uma vez a Dinamarca foi considerada o país onde se vive com mais qualidade.
A minha Xana disse logo: vamos para lá viver, ao que o Pai sábiamente respondeu- não, senão a Mamã morria em 3 tempos com as saudades do Sol!!
Boa semana!

nelio disse...

pois eu gosto do sol mas não dispenso a lua, que não tem nada a ver com o escuro, antes pelo contrário. tem a ver com uma luz suave e terna. terna é a noite, dizia já não me lembro quem... o scott fitzgerald, diz-me o google. e hollywood adaptou o romance a filme que estreou no ano em que nascemos: 1962. coincidências?!!...
:)

São Grade disse...

A única ternura que a noite me traz é a ternura do meu Lar e da minha Família que ameniza os meus fantasmas!!
Abrir parentesis: Adorei esse livro, que li já há muitos anos e a série que passou na tv, com o gajo que fazia de "homem rico" no "homem rico, homem pobre" lembram-se? Fechar parentesis!