terça-feira, 1 de junho de 2010

mesmo a propósito



Não sabem o que fazer para a nossa exposição? Acham que não sabem fazer nada...Estarão sem vida? Indecisos? Envergonhados? Achando que não sabem o que criar? Ora oiçemos:

"Escave dentro de si até encontrar uma resposta profunda. E se esta resposta for afirmativa, se puder enfrentar esta séria pergunta com um "tenho" simples e forte, então construa a sua vida de acordo com essa necessidade; a sua vida, mesmo nas horas mais indiferentes e pequenas, terá de ser um sinal e um testemunho deste ímpeto. Aproxime-se então da Natureza. Tente então dizer, como o primeiro homem, o que vê e o que vive e ama e perde. Não escreva poemas de amor; (...) Evite por isso os motivos gerais e prefira o que o seu quotidiano lhe oferece; descreva as suas tristezas e desejos, os pensamentos passageiros e a fé numa qualquer beleza - descreva tudo isso com sinceridade íntima, tranquila, modesta, e para lhes dar expressão sirva-se das coisas que o rodeiam, das imagens dos seus sonhos e dos objectos das sua recordações. Se o seu dia a dia lhe parecer pobre, não o acuse de pobreza; acuse-se a si próprio, reconheça que não é ainda poeta o bastante para conseguir invocar as suas riquezas, pois para um criador não há pobreza e nenhum lugar é indiferente e pobre. (...)" Rainer Maria Rilke in Cartas a um jovem poeta.

Pois jovens poetas silenciosos, o que nos uniu depois de tantos longos anos? A Poesia. E a poesia é o rio da nossa existência. Só com ela podemos ir vivendo nesta consciência mortal e encarando cada perda e cada diluvio; só com ela observamos com olhos claros a luminosidade que pinta as paredes da nossa cidade de branco. E é também com ela, a poesia do nosso quotidiano que pode assumir qualquer formato de expressão, que vamos fazer aquela exposição de obras...Não importa quais as nossas obras. Já mostrámos (já nos mostrámos) que somos capazes de fazer obra. Por isso amigos silenciosos, mãos e sentidos à obra...toca a expressar a poesia individual de cada um numa qualquer forma ou ausencia de forma (sei lá eu) e preparar para este momento colectivo que vai ser fabulástico! porque é que está toda a gente calada??? O silencio dos inocentes? medo? de quê para além da morte ela mesma? Vá lá miúdos!!!... e acabando com Rainer Maria Rilke "(...)mesmo que estivesse numa prisão, cujas paredes separassem os ruídos do mundo dos seus sentidos, teria sempre a sua infância, essa riqueza preciosa e imperial, a câmara do tesouro da lembrança. Dirija a ela a sua atenção. Tente levantar as sensações submersas desse passado longínquo; a sua personalidade fortalecer-se-à, a sua solidão estender-se-à até se tornar uma casa à luz do cair da tarde ou do amanhecer, por onde o ruído dos outros passa à distância. (...)"

2 comentários:

m. disse...

Ei Crianças!!! EStamos todas de parabéns! (esqueci...)Abraços e beijos e saltos e corridas e esconder, garrafinha, casa da bruxa, prego, 5 pedrinhas, elástico, bola, ....somos nós!!!

São Grade disse...

Espectacular! O texto e a idéia que transmite!!
Vou comprar o livro!