domingo, 7 de março de 2010

Bora fazer uma escola?

Que assunto tão delicado. Talvez tenhas que começar por definir, como a Ana apresenta, o que é incluir...e o que é integrar, e, já agora quais os projectos individuais que se organizam nas escolas para dar resposta a todos os meninos. Sim, porque não são todos iguais e se existem alguns que podem ser "levados" por uma mesma bitola, dos quais se espera determinado conjunto de respostas, outros há que não entram em bitola nenhuma de escola nenhuma. Daí aquela coisa que se ouve tanto falar mas que ninguém faz (e é difícil do ponto de vista de quem trabalha com grandes quantidades de pessoas diferentes): o projecto individual, o tratamento individual. Neste mundo hiper competitivo onde interessam verdadeiramente os resultados e são todos numa escala de 01 a 5 ou de 0 a 20...onde o mundo das emoções, das relações interpessoais, das artes, da filosofia, etc, não valem nada...acontece quase sempre o que o Carlos nos transmite com a sua frustração de ter confrontado com tantos casos e de tão grave sofrimento para a criança que sendo diferente vai fazer de conta que é igual numa turma de meninos average. É tudo muito complicado...Por exemplo a EB23 em que o Gonçalo anda, é a Escola do Algarve (creio eu) que trabalha com surdos. E as turmas são apenas de surdos com professores que sabem falar língua gestual, etc...dentro do que é possivel estes meninos são educados de uma forma idêntica e com o mesmo nível de exigências mas com métodos, técnicas, recursos e professores que sabem trabalhar com esta deficiência. Quando a escola reune toda, eles lá estão e existem vários momentos de integração dos não surdos com os surdos...Não sei se deve ou pode tudo ser assim...sei que nesta escola esta experiência funciona. Vêm meninos de todo o Algarve e são jovens felizes, incluidos em turmas com outros meninos com o mesmo déficit e ao mesmo tempo integrados numa escola com outras diferenças. Por acaso são as turmas com mais elevado nível de sucesso (notas). Podíamos ir mais longe e pensar nos déficits sociais...o que são todos os problemas actuais de revoltas, boolings, violências, insucesso atrás de insucesso, senão crianças com décits socio-afectivos? Integramos-los em classes com outros...e o que resulta? No fundo estamos a tentar fazer turmas de inclusão de todo o tipo de déficits...Talvez seja assim mesmo...apesar de a deficiência mental (as´sindromes, e outras) serem o "parente pobre" de tudo isto, serem o elo mais fraco porque mais visivel, porque a nossa competição é enormemente em torno do QI e nada mais importa. Como dizia um irmão mais velho no outro dia: o meu irmão de 9 anos foi 3 dias para casa porque não presta atenção nas aulas, responde aos professores e é desinteressado (o que é que isto quer dizer???) enquanto o colega dele que lhe roubou o telemovel, e toda a gente testemunhou, dá-lhe porrada atrás do murro da escola (e toda a gente sabe...) não lhe acontece nada...Incluir...para incluir temos que perceber as fronteiras onde se está in ou ex cluído...Eu acho este tema fundamental...mas não te sei ajudar...começa por perguntar a ti mema: Tu incluis? Como e quando excluis quem e de onde? Porquê? Vais por certo dar ao poder...e aos valores civilizacionais. E o género por exemplo? está incluído? as oportunidades são iguais? Haverá uma sociedade dessas? Bem...mas o que importa é o caminho que estamos caminhando...e o que pode ser mais útil para quem: serão os "incluídos/integrados" mais ou menos felizes em grupos average? Eu tenho um sonho sobre Escolas...Sou absolutamente defensora de que as turmas todas de todos os lugares deviam ter 12 a 15 pessoas e podiam até ser de menos tempo as aulas...os professores e os alunos teriam uma envolvência diferente e as questões das diferenças surgiam e eram trabalhadas (professores com outras competeências e não com mais competências). o Espaço de trabalho podia ser uma mesa tipo oval (género Jardim de Infância) com as pessoas ao meio a trabalhar, a conversar, a questionar, a experimentar e a aprender. Haveria nesta escola sonho laboratórios fantásticos para 12 jovens investigarem ao mesmo tempo, haveria tempos de dança, de canto e de música...talvez se passasse mais tempo na escola mas seria uma qualidade grande. Haveria uma sala de convívio agradável, ampla e não fria e muito mais oferta do que paredes. Cada criança tinha um coach (e este teria várias crianças) com quem deveria estar uma vez por semana, numa determinada hora prevista...trabalhar dificuldades e potencialidades, estabelecer plano de estudo e de usufruto...Haveria projectos de escola que integravam vários jovens diferentes...seria um prazer. Assim essas e outras diferenças poderiam talvez ser incluídas no grupo grande. Os pais teriam uma semana por semestre que poderiam ir conversar com os professores todos, em pequenos grupos de pais ou individualmente. A escola podia ser a unidade social mais importante. Se vermos bem, se uma criança aprende a gostar de aprender, dedica-se, explora, entrega-se e mais tarde é um adulto que continua isso...Não será essa uma das razões da mixta estar para aqui a ter estes encontros virtuais? Não passámos juntos por uma experiência bastante rica? E não estávamos naquela escola de sonho não senhor...Imaginemos se tivessemos estado? Já imaginaram a Glória Vidal com um laboratório como deve ser? Já imaginaram sentarmo-nos em grupo mais pequeno a conversar sobre História de Portugal? (aposto que teria então aprendido alguma coisa...) E digo mais: os professores deviam de novo ser sujeitos a provas de capacitação para serem professores!!! Humanismo? Desenvolvimento pessoal? Gestão de Conflitos?...algo assim. Como vez São saí da tua necessidade e já "construí" um bocadinho de escola. BOra fazer uma escola???beijos de domingo e obrigada pela reflexão...m

2 comentários:

m. disse...

Desculpem este inesperado mas esta era uma dicazinha para a palestra da São...e transformou-se um pouco e não cabia em HTML...
m.

São Grade disse...

Bora!!!
BORA,BORA???Tamém nã era mau!!