quinta-feira, 4 de março de 2010

Ora aqui uma ajudinha , dava jeito!

Fui “cravada” há dias para botar faladura num colóquio organizado aqui na terreola pela Escola Secundária sobre qualquer coisa do tipo - inclusão, ou deficiências e coisas bonitas ou assim, já não me lembro bem do nome...

O objectivo dos organizadores é mostrarem que as pessoas com deficiência também sabem fazer coisas bonitas. Para tal, vão convidar um senhor que é cego e que é escritor, um rapaz multideficiente e que pinta...

O Professor que me contactou achou muito interessante o facto do meu pessoal fazer peças em madeira muito giras, dançar, cantar, divertir-se, colar e montar sacos de papel, passar a ferro e achou que também eu poderia ir falar das coisas bonitas que eles fazem!

Bem, e eu que não gosto nada destas coisas de falar para públicos grandes, ( fico logo com a boca toda sequinha!!) mas que acho que é meu dever profissional e também um pouco pessoal , falar daquilo que fui aprendendo ao longo dos anos, aceitei. Tramei-me!!

Agora ando aqui às voltas sem saber por ponta lhe hei de pegar !!

Por isso resolvi pedir a vossa sincera ajuda!

Eu vou despejar os meus pensamentos e dúvidas “existenciais” e depois vocês dizem o que vocês acham, ok!?

Retribuirei com a receita dos pasteis de nata!

Não me apetece falar de deficiências, de pessoas com deficiência, de dificuldades nem tão pouco das coisas giras e das pessoas giras que eles são...é como se tivesse a argumentar que 2+2 são 4 daahhhh!

Mas depois penso, “ah, mas isto sou eu que estou no business e sei o que se passa! Talvez os outros não tenham tomado atenção e precisem que alguém os faça ver... Será!?

Afinal, não aspiraremos todos à mesma coisa - SER FELIZ!?

Não precisaremos, todos nós, com ou sem “maleita” de nos sentirmos confortáveis na nossa pele, com o nosso Viver?

O que faz de nós, seres felizes?

Aquilo que somos ou aquilo que pensamos que somos??!!

Como nos fazemos gente feliz ?

E aos nossos filhos, e ao meu pessoal?

Realçando o que somos capazes de fazer apesar de... (e se “o apesar de” é tão presente que nos ofusca todas as outras ideias ???)


Já não sei, o que acham?

Será que os gordos ou os magrinhos têm as mesmas oportunidades de... ?!

Será que quem é lindo ou é feio tem acesso às mesmas profissões?!

Será que quem tem asma, ou diabetes, ou é alérgico a plantas ou a periquitos... pode ter a mesma profissão de quem não tem?

Já sem falar da questão da identidade de género!!

Será que teremos sempre de andar à volta com a questão da diferença e da igualdade como se disso dependesse a nossa felicidade?

Somos assim! Ponto final! Ou não?

Ai ai meu Deus , que baralhação vai nesta cabeça!!!

Ajudem me! Se não, acho que chego lá e mostro o vídeo do jantar de Natal da Mixta e do Pituxo a falar do querido cão surdo e pronto!!!


5 comentários:

Lena OR disse...

Bom São, se dois pelo menos, dos convidados, são pessoas que deram a volta por cima, às suas deficiências, então acho que deverias abordar o tema com as outras "diferenças", que mencionaste. Infelizmente dá-se muito valor à aparência (eu não fujo à regra, confesso). Aparência que extravasa em muito as deficiências físicas ou mentais, às quais acabamos por ser mais sensíveis.

Carlos Canas Martins disse...

Ui, inclusão São... Sou tão céptico em tudo o q diz respeito a esse conceito no nosso país, no nosso contexto socio-cultural. Estive durante 2 ou 3 anos ligado ao ensino especial e dei aulas a miudos portadores de dseficiência quer as chamadas de carácter provisório quer as de carácter permanente (só este tipo de nomenclatura me arrepia mas pronto...). Acho mal São, a inclusão. Pelo menos da forma como é tentada, por aqui. Acho mt mal. Da mnh experiência acho q faz mt pior, q é castradora, e q só acarreta desvantagens. Mas pronto, quem sou eu?... Um dia se tiveres paciencia, falamos sobre isso c mais calma. Agora vou a correr pas aulas. Já tou atrasado. Bjo

TIC na D. Pedro IV disse...

Olá São.

Não posso deixar passar esta oportunidade. Ao contrário do Carlos, sou totalmente a favor da inclusão. Dou aulas há 25 anos e, quando comecei, achava que esta era uma conversa da treta. Ao longo dos anos fui tomando consciência de que o mundo não é a preto e branco. Tem outras tonalidades. Inclusão não é o mesmo que integração. O que fazemos nas nossas escolas, neste momento, é uma tentativa de integração. Procuramos dar igualdade de oportunidades a todos os nossos alunos (ou deveríamos). Todos deverão ter acesso ao sucesso. Para tal, há que diferenciar. Há muitas formas de chegar a um determinado destino e o que serve para um, não serve obrigatoriamente para os restantes. E é isto que os professores têm que entender.
Na faculdade estou a frequentar uma disciplina que tem o nome de Necessidades Educativas Especiais que, nesta primeira fase, aborda exactamente o tema da integração, das crenças, estereótipos, preconceitos e atitudes. Logo na primeira aula a professora pediu-nos que preenchessemos uma ficha; a dificuldade colocou-se quando nos disse que a mesma deveria ser preenchida com a mão contrária à que estávamos habituados. Confrontou-nos logo com o sentimento de impotência e vontade de desistir da tarefa porque para nós se tornava dificíl de realizar. Como se sentirão os nossos alunos com NEEs quando se vêm confrontados com tarefas que eles acham que não são capazes de realizar?
Ao contrário do Carlos, na minha Escola, apesar dos muitos velhos do Restelo, existem muitos casos para demonstrarem que é possível. Não esperem que alunos com trissomia 21 desenvolvam as mesmas competências que os outros alunos. No entanto, são alunos que estão integrados socialmente na nossa comunidade educativa, são estimados e "mimados" pelos colegas, e que têm desenvolvido outras competências, igualmente importantes, e que lhes dão alguma autonomia.
Outras vezes os problemas colocam-se logo ao nível dos colegas da turma - porque não recorrer a actividades colaborativas/jogos cooperativos?
Não sei se consegui transmitir correctamente o que penso mas espero que sim.
Beijocas

nelio disse...

o tema dá pano para mangas... por um lado a pressão dos media/publicidade: só terás sucesso se fores elegante, com o cabelo xpto, a tripa a funcionar regularmente e besuntada por dentro de bicharada protectora, por outro um desnorteio na integração/inclusão que ninguém sabe bem o que é nem o que é que se pretende. os gays assumidos têm as mesmas hipóteses de carreira? os que sofrem de obesidade mórbida têm as mesmas hipóteses de carreira? não, claro que não... a tendência natural é para isolar tudo o que é diferente. se a maioria for de baixa estatura, os de alta estatura serão olhados de lado, se a maioria for de alta estatura, os de baixa estatura serão olhados de lado. se o normal for ter apenas um braço, quem tiver dois será uma aberração, mesmo que seja mais funcional. só pela consciência, pela vontade e contrariando o instinto natural de isolar aquilo que é diferente é que chegamos à integração/inclusão. eu concordo que os alunos estejam todos misturados, é preciso é ter a noção que cohabitando o mesmo espaço eles têm necessidades diferentes e necessitam de estratégias diferentes de ensino/aprendizagem. ter colegas com deficiência prepara os individuos para mais tarde aceitarem pessoas diferentes no seu local de trabalho, no seu circulo de amigos, nas suas relações amorosas. espero que te ajude esta minha divagação.

São Grade disse...

Confesso, um pouco embaraçada, que ansiava pelo teu comentário. Por 2 razões : por um lado queria, que como pai de uma criança que não é igual aos outros e com a sinceridade com que te vi descreveres os teus sentimentos e ideias (acho)me dirias tal e qual o que pensas o que para mim é fundamental! posso aferir também o meu pensamento! Por outro lado receava (porque para todos os efeitos AGORA "não te conheço de parte nenhuma!!" ( mentira, já vou conhecendo um bocadinho!)tinha receio que interpretasses a minha forma ligeira e talvez um pouco humorística demais de falar de coisas sérias, como uma falta de respeito pelos outros. Olha não sei!
Afinal , acho que te devia convidar para falar por mim na "perquêra! do colóquio porque o que eu queria dizer é precisamente o que tu disseste mas tu és capaz de o fazer muito melhor que eu!!
Esta é a tua resposta, depois falo no outro lado para todos!