quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

no balneário




Hoje fui nadar...de vez em quando na semana vou nadar...a água é um meio que me dá prazer e me faz sentir de uma outra dimensão...mais liquida. Quando saio das nadadelas e da sauna com cheirinho de banho turco, vou até ao balneário. Banhos, lavagens e óleos, encantamento...até eu me sinto mais jovem. Quando voltei ao meu cacifo, estavam lá três miúdas, assim mesmo, de 12, 13 anos...exactamente deste nosso tamanho e com estes nossos desejos e pensares. "o que andaste a fazer?"..."ora..." "e não tens vergonha?" (aquela dizia aquilo só para picar a outra) "Eu não. Gosto bué" "Gostas de namorar?" "Gosto! A minha mãe conhece-o e sabe!" Não sei se aquilo era para eu ouvir que parecia ter a idade da mãe (ou mais)... A namoradeira tinha um ar lânguido e doce...e falava cheia de coisas que se omitiam a cada palavra mas que se sentiam a cada respiração...Lembrei-me de mim...assim mesmo, naquele trocar de palavras não ditas e de memórias ainda quentes de outros abraços. Nós fomos um pouco menos precoces, bem sei. Por estas idades gostávamos mesmo das caminhadas entre o Ciclo e a casa para falarmos dele! gostávamos dos telefonemas entre amigas para o partilharmos absolutamente: ele olhou, ele disse, ele não me viu, ele respondeu, ele calou...Ah que partilha! Mas não nos atrevíamos ainda a muito mais...Curtíamos a troca de papelinhos como diz que disse e juras de amor camufladas ou assinadas por pseudónimos...Não, não nos atrevíamos aquilo que ali senti. É mais depressa tudo, a ilusão, a desilusão, a experiência e a fuga.


Além da impossibilidade de não escutar também não me apoquentei com a forma como era mirada. É giro este encontro nos balneários municipais. Cada uma olha o corpo da outra projectando aquilo que um dia vai ser, como vai ser? Estas jovens olhavam para mim, curiosas mas com algum cuidado, alguma discrição. Não olhavam como as miúdas mais pequenas de 6 / 7 anos que entram aos bandos e ficam espantadas de boca aberta a olhar para mim! Essas ficam absolutamente encantadas: uma mulher grande...não sei se quero ser assim...E eu. Eu visto-me e dispo-me sempre envolvida por bandos de velhotas, cheias de genica já com corpos ainda mais torcidos e cansados dos anos. Eu não olho. O olhar seria muito complicado para estas senhoras que aprenderam o pudor desde sempre. Olhar seria penetrar desrespeitosamente nos seus corpos. Vestimo-nos e despimo-nos lado a lado, todas as idades e gerações de mulheres: bisavós, avós, filhas e netas. Bisnetas. Em comum o sermos mulheres. Em comum o obedecermos absolutamente às leis da vida e aos ciclos geracionais irreversíveis. Em comum o gostarmos de água. Este é um espaço de vida incrível. Um trocar de culturas geracionais, um misto de várias velocidades no mesmo momento do tempo. Um confronto e uma continuidade.


Aproveito para fazer a proposta a quem gosta de água para um mergulho de vez em quando.
m.

3 comentários:

São Grade disse...

Para mim também a água é um elixir fantástico. Não a água de beber, mas a de flutuar , nadar, submergir ou curtir...e a água quente então...uuuiiiiiiii
Baixinho: eu acho que noutra reencarnação devo ter sido peixe! De águas tropicais, claro! É por isso que eu me sinto mais Eu nos nos Olhos de água.Seja de Inverno seja de Verão!E nestes 2 últimos Agostos extremamente difíceis para mim, o ir para o mar, ficar por lá um pouco e mergulhar era ...simplesmente fantástico! regressava com mais força e com muito mais energia!

m. disse...

Fazes favor de trazer o fato de banho e a touca de senhora para irmos a banhos agora no Inverno! A piscina de S. Brás de Alportel está à espera de ser por nós explorada. Tem aquelas coisas boas para depois da natação e podemos rir e nadar e fazer de golfinho. Se quiseres podes ser tu a sereia...(sim, que eu já escutei coisa assim: "Olha lá a São era tão lingrinhas e fez-se uma mulher tão bonita!"...) Eu sou a baleia. Confronto-me com as vossas fotos e percebo que tenho uma imagem de mim muito mais "bolha" - como o Afonso me pintava - do que realmente fui. O Gonçalo pergunta-me: "Oh mãe...eras assim do meu tamnaho?". Claro que não. Ele agora já é maior do que eu. Ora eu acho que não minguei, pois não? Aqueles que percebem de fisiologia podem esclarecer??? A malta vai mesmo Scrinkando?

São Grade disse...

nã tenho fato banho!
Só tenho bikini....