Hoje vou-vos falar de uma pessoa que não conhecem. Falo-vos da Cristina, uma colega e amiga minha, que entrou para a CML, no mesmo ano que eu, 1989, com uma diferença de meses, que trabalhou comigo muitos anos, até que no ano passado, Março propriamente, após uma operação à garganta e nariz, teve uma embolia pulmonar, e desapareceu assim do nada.
A Cristina era a boa disposição em pessoa
Ria-se das desgraças que lhe aconteciam (passava a vida a cair, porque andava sempre a correr e era gordinha, para além de juntar os joelhos).
Chegava à Direcção muito cedo, tal como eu, e diariamente punhamos a escrita em dia, antes de todos os outros aparecerem.
Entendíamo-nos muito bem. Ás vezes não era necessário falar, bastava que olhássemos uma para a outra para percebermos o que se passava.
Ao contrário de mim a Cristina dava umas gargalhadas que se ouviam no piso inteiro, enquanto eu, como ela costumava dizer, me ria atrás do computador sem que alguém desse por isso.
A Cristina desapareceu, aos 44 anos, e ainda hoje, passado quase um ano a sua ausência é-me extraordinariamente dolorosa. Sinto a falta da sua boa disposição (às vezes apenas aparente), das nossas conversas de início de dia, das suas gargalhadas. Sinto falta até das suas confusões com os números, que me obrigavam a rever tudo, porque ela sistematicamente se enganava.
Curiosamente, hoje percebo, que a Cristina era das pessoas com quem melhor me entendia e diariamente quando chego à Direcção, olho para o lugar que ela ocupava, hoje ocupado por outra pessoa, e tenho uma enorme saudade...
A sua partida inesperada, deixou-nos mais pobres e sobretudo deixou-me mais vazia e triste...
2 comentários:
Impossível comentar, Lena!
difícil comentar. é uma das verdades da vida que uns ficam pelo caminho e os outros seguem em frente com a ausência de quem partiu. se isso é um peso, um remorso ou uma doce memória, depende essencialmente de nós. já vi partir uns quantos, entre familiares e amigos chegados. a vida é frágil, nós somos frágeis.
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