Caros amigos:
Aqui vos deixo o último excerto oficial do meu Diário relativo ao pessoal da Turma 27. Trata-se de um texto incompleto, escrito numa folha solta (guardada no dito Diário) em que, algures no tempo, iniciei uma memória das minhas recordações relativas ao universo de pessoas dessa famigerada turma. Importa salientar que esta turma teve um significado muito importante para mim pois tratou-se do início da minha permanência numa localidade por mais de um ano ou dois, como até aí era a minha vida (por força da carreira militar do meu pai - então em tempo de Guerra Colonial).
Até ao momento em que vos conheci, a minha vida era marcada pela dificuldade (ou quase impossibilidade) de manter relações de amizade com outras crianças, pois estava sempre a mudar para sítios muito distantes: Guiné-Bissau e Angola (tendo mesmo nascido virado para outro oceano, que não o Atlântico, na índica costa de Moçambique).
Assim, o ano de 1973 marcou o início de um período de permanência numa cidade (Faro) durante 6 anos (até à ida para Lisboa) coisa inaudita na minha, então, curta vida.
E chega de palavras agora. Deixo-vos a tal "Memória da Turma 27" que nunca cheguei a completar.
Texto, não datado (e escrito em data incerta):
Deve ter sido por volta de Setembro de 73 que pela primeira vez tomei contacto com a malta da turma 27, a que (estranhamente) pertenci no 2º ano do Ciclo.
O meu pai havia pedido ao Nuno [Humberto] que me apresentasse alguém da turma, para não me sentir muito desambientado [pois eu vinha de uma escola de Olhão], o que aconteceu por intermédio do Nélio.
Considero estranha a minha entrada para essa turma porque no 1º ano ela tinha funcionado como a única turma mista de todo o ciclo, e ser uma turma de bom nível escolar, além de ser a “turma da filha da Sra. Directora” [a Teresa Laranjo]…
Não me lembro do primeiro dia de aulas, mas a mais remota recordação desses dias foi uma visita que eu e o Canas fizemos à casa do Nélio. Este tinha adquirido recentemente um aquário redondo com peixinhos (daquele tipo de aquários que aparecem nas histórias para criancinhas). E, para nos mostrar como ele lidava bem com o seu novo brinquedo, resolveu ir mudar a água aos pobres peixinhos. Na realidade a sua azelhice deu para deixar cair o aquário no bidé e parti-lo em mil bocadinhos… Fiquei aterrorizado pois não queria assistir a discussões familiares (o que sempre me afligiu) e por isso resolvi raspar-me o mais depressa possível. Enfim, eu era muito tímido e a intensidade desse terror foi tão grande que nunca mais me esqueci desse banal incidente.
De todas as amizades que fiz nessa turma, a que mais tempo durou foi a que se estabeleceu entre mim e o Luís Barradas. Nesse tempo ele dava-se muito com o Carlos Fuzeta da Ponte, que morava ao pé do Liceu. Ainda cheguei a ir a casa dele mas, infelizmente, a meio do ano ele teve de se mudar para Lisboa.
Se a memória não me engana, foi também na Turma 27 que pela primeira vez tive uma paixoneta de adolescente. Foi pela Paula Patrício, que digam o que disserem, era muito girinha. Enfim, paixão que não durou muito tempo. Só o Canas, com os seus apartes inconvenientes, é que ainda hoje faz reviver essa criancice. E para cúmulo, fá-lo na presença dela.
Pelo Cannas (com 2 n, como mais tarde compreenderão porquê) criei também uma grande amizade, e era no seu quintal que reuníamos o nossos clube. Esse Clube (claramente influenciado por Enid Blyton, como já irão perceber) chamava-se “The Secret Five”, pois dele faziam parte o Canas, o Nélio, o Luís Rocha, o Barradas e eu.
(Canas, Rocha e Nélio, numa foto de 1973/74 tirada em casa da Teresa L. numa Visita de Estudo)
Aqui vos deixo o último excerto oficial do meu Diário relativo ao pessoal da Turma 27. Trata-se de um texto incompleto, escrito numa folha solta (guardada no dito Diário) em que, algures no tempo, iniciei uma memória das minhas recordações relativas ao universo de pessoas dessa famigerada turma. Importa salientar que esta turma teve um significado muito importante para mim pois tratou-se do início da minha permanência numa localidade por mais de um ano ou dois, como até aí era a minha vida (por força da carreira militar do meu pai - então em tempo de Guerra Colonial).
Até ao momento em que vos conheci, a minha vida era marcada pela dificuldade (ou quase impossibilidade) de manter relações de amizade com outras crianças, pois estava sempre a mudar para sítios muito distantes: Guiné-Bissau e Angola (tendo mesmo nascido virado para outro oceano, que não o Atlântico, na índica costa de Moçambique).
Assim, o ano de 1973 marcou o início de um período de permanência numa cidade (Faro) durante 6 anos (até à ida para Lisboa) coisa inaudita na minha, então, curta vida.
E chega de palavras agora. Deixo-vos a tal "Memória da Turma 27" que nunca cheguei a completar.
Texto, não datado (e escrito em data incerta):
Deve ter sido por volta de Setembro de 73 que pela primeira vez tomei contacto com a malta da turma 27, a que (estranhamente) pertenci no 2º ano do Ciclo.
O meu pai havia pedido ao Nuno [Humberto] que me apresentasse alguém da turma, para não me sentir muito desambientado [pois eu vinha de uma escola de Olhão], o que aconteceu por intermédio do Nélio.
Considero estranha a minha entrada para essa turma porque no 1º ano ela tinha funcionado como a única turma mista de todo o ciclo, e ser uma turma de bom nível escolar, além de ser a “turma da filha da Sra. Directora” [a Teresa Laranjo]…
Não me lembro do primeiro dia de aulas, mas a mais remota recordação desses dias foi uma visita que eu e o Canas fizemos à casa do Nélio. Este tinha adquirido recentemente um aquário redondo com peixinhos (daquele tipo de aquários que aparecem nas histórias para criancinhas). E, para nos mostrar como ele lidava bem com o seu novo brinquedo, resolveu ir mudar a água aos pobres peixinhos. Na realidade a sua azelhice deu para deixar cair o aquário no bidé e parti-lo em mil bocadinhos… Fiquei aterrorizado pois não queria assistir a discussões familiares (o que sempre me afligiu) e por isso resolvi raspar-me o mais depressa possível. Enfim, eu era muito tímido e a intensidade desse terror foi tão grande que nunca mais me esqueci desse banal incidente.
De todas as amizades que fiz nessa turma, a que mais tempo durou foi a que se estabeleceu entre mim e o Luís Barradas. Nesse tempo ele dava-se muito com o Carlos Fuzeta da Ponte, que morava ao pé do Liceu. Ainda cheguei a ir a casa dele mas, infelizmente, a meio do ano ele teve de se mudar para Lisboa.
Se a memória não me engana, foi também na Turma 27 que pela primeira vez tive uma paixoneta de adolescente. Foi pela Paula Patrício, que digam o que disserem, era muito girinha. Enfim, paixão que não durou muito tempo. Só o Canas, com os seus apartes inconvenientes, é que ainda hoje faz reviver essa criancice. E para cúmulo, fá-lo na presença dela.
Pelo Cannas (com 2 n, como mais tarde compreenderão porquê) criei também uma grande amizade, e era no seu quintal que reuníamos o nossos clube. Esse Clube (claramente influenciado por Enid Blyton, como já irão perceber) chamava-se “The Secret Five”, pois dele faziam parte o Canas, o Nélio, o Luís Rocha, o Barradas e eu.
(Canas, Rocha e Nélio, numa foto de 1973/74 tirada em casa da Teresa L. numa Visita de Estudo)
7 comentários:
adorei a história do aquário! Tou mesmo a ver ! 3 putos a "mijarem se " a rir mas um deles à espera da sarabanda dos Pais...Eh eh eh
lembro-me perfeitamente da história do aquário, não imaginava que tinha sido logo na primeira vez que tinhas ido à minha casa. os pobres dos peixes iam morrendo... não me lembro de ter levado sarabanda dos meus pais, mas não deve ter sido muito pacífico... :)
mais um clube? caramba, parece que passei a minha pré-adolescência em clubes. só acho estranho surgir o nome do joão rocha (irmão mais velho do luís) e não o do luís. tens a certeza que era o joão, ou na data incerta em que escreveste isto já a memória te tinha atraiçoado?
A história do aquário, lembro-me bem também, hehe!
Era o Luís Rocha, de certeza.
Fogo, era assim ruinzinho, eu? Às tantas eram ciumes....lol
seus putos marafados!!!
pois confundo sempre o nome dos dois...
E agora têm aquários? E mudam-lhes assim as águas e dão-lhes comida?
Que fazes tu, rapaz dos PÊS acordado às 5,36 da manhã? Ainda por dormir ou acabadinho de acordar para mais uma faina?
Hoje tive uma experiência fantástica na minha vida: fui jogar PADLE (escreve-se assim?) com umas moças da minha e de outras gerações. Grande jogo...quero ir mais. Faz bem os saltos e as gargalhadas. Obrigada São (Godinho)...
m.
agora não tenho aquários. tenho outros bichos que se podem afagar... :)
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